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Morre Sérgio Lopes, um dos jornalistas mais conceituados do velho jornalismo de SC

O registro é de Moacir Pereira em sua coluna no ND+:

Faleceu no Hospital Baia Sul, onde estava internado para tratamento de um AVC, o jornalista Sérgio Lopes, um dos mais brilhantes analistas políticos do século passado em Santa Catarina.

Durante décadas trabalho no extinto jornal O Estado, na época o mais importante veiculo impresso, foi colunista por vários anos e articulista do jornal Folha de São Paulo.

Trabalhou na Assembleia Legislativa, onde ocupou a Chefia do Setor de Imprensa, ocasião em que inovou os serviços de divulgação e criou o conceituado Prêmio Imprensa.

Foi diretor da Associação Catarinense de Imprensa, onde atuou como conselheiro e marcava presença em suas atividades.

Dotado de excelente nível intelectual, tinha um temperamento afável, era comunicativo e profissional de bom senso, competência e serenidade.

Por muito tempo ampliou relacionamento como velejador, atividade esportiva que exerceu durante várias décadas.

Vendeu seu veleiro e abandonou a vela quando passou a se dedicar e a desfrutar de um belo recanto com amigos e famílias no “Sossego do Rancho”, um condomínio fechado em Rancho Queimado.


Tive a honra de conviver com Sérgio Lopes no seu auge profissional, na condição de colunista do jornal O Estado e como Chefe do Setor de Imprensa da Assembleia Legislativa de SC.

Fomos amigos de falar todos os dias, pois eu frequentava a Assembleia para cobertura dos trabalhos em todas as sessões. Tudo iniciava na sua sala, cujas portas estavam sempre abertas e ninguém marcava horário para conversar com ele.

Vivemos alguns episódios pessoais dignos de registro. Um deles foi quando, em 1989, o jornal A Notícia me convidou para ser seu colunista político e pedi a opinião do Sérgio e ele me advertiu: "É uma droga isso de colunista. Porque você sempre terá que ser o diferenciado, tanto na opinião quanto na informação. Não pode ser o lugar comum. E isso dá trabalho demais. Te toma o dia inteiro. Parece pouco, mas é muito. Eu já fui e não quero mais".

Noutra ocasião foi engraçado. Deputados e jornalistas com credencial na Assembleia promoviam, de vez em quando, confraternizações com churrascos e jogos de futebol num campinho que ficava às margens do acesso às praias do norte da Ilha, de propriedade de um dos deputados.

E o time dos jornalistas, formado pelo Sérgio Lopes (ele próprio jogava), tinha uns 18 "convocados".

Num dos jogos, sentados à beira do campo, íamos acompanhando a partida. O árbitro, escolhido de comum acordo, era o deputado Nagib Zattar. Sete pra cada lado. Mas, o jogo andando, a partir de um certo momento o Sérgio, grande gozador, quando o Nagib e os times estavam voltados para jogadas do outro lado do campo, ia mandando entrar mais um jogador nosso em campo. De tal modo, que, numa hora estávamos ganhando de quatro ou cinco a zero, não lembro mais, e ocupávamos todos os espaços do terreno. De repente, o Ruberval Pilotto, deputado (que me segue e pode confirmar ou desmentir), percebeu a malandragem e mandou parar o jogo e contar os jogadores: tínhamos uns 15 em campo contra sete dos deputados. Foi uma farra geral. O jogo acabou ali e fomos ao churrasco, patrocinado pelos parlamentares, com risadas mil pela criatividade do Sérgio.

Deixará muitas saudades, mentor que foi de tantos companheiros e exemplo que sempre será do bom jornalismo, daquele tipo que dificilmente se vê hoje.


(Foto é do arquivo de Moacir Pereira)

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